Às vezes meu nome estranho
leio assim
Fortuna, Felipe. (1963- ),
como anagrama da morte.
Devo considerá-lo um hiato?
Aquele espaço, um vazio em que só cabe
a vida que se acaba e risca um número?
Tudo parece rir, o sobrenome
que hesita entre a sorte, o acaso e o dinheiro,
o nome de perfeito cavaleiro e imperador
e a data toda ímpar (noves fora? um)
a indicar nada perfeito. Número primo.
Mas o que persiste: qual será
o meu número final?
Quisera, como Bandeira, Manuel. (1886-1968)
inverter dois números, transferir-me de século,
e morrer em 2036 sem chegar aos oitenta.
De qualquer modo (eu sei)
assim como fiz tantos poemas
não serei autor da data que não quis.