Agora a palavra
acende outra luz.
Ali estava suja de tinta
e água-viva.
E meu amigo estendia
páginas de papel-jornal
no varal:
a linha contínua
do J’Accuse ao Watergate
do Titanic ao Zeppelin
de Hiroshima a Guantánamo.
Tudo tão rápido que
nem meio nem mensagem parariam
as rotativas.
Consulte o relógio digital,
marque seu pulso invisível
no cristal raso e luminoso
do texto que está buscando
alcançar o seu néon inadiável
(tudo isso
se transformou em poema a seu tempo).
Vá ver agora como fica a notícia
sem recorte.
Tente ler “O Retorno” de Ezra Pound
sem datilografia,
procure dobrar a carta que Mário de Andrade
bateu na manuela, e transforme etc. em hipertexto.
E se, amigo, nos juntássemos
(já que você não pode, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan)
para transformar todo o jornal
não numa explosão, mas
num tuíte?