Amigo (embora isso pouco importe),
qual de nós morrerá primeiro?
Não tenho paciência para pensar
no seu enterro.
Você tem dinheiro suficiente
para pensar no meu?
Andamos juntos por tanto tempo:
a amizade também morre
de velhice.
Como essas manhãs que nascem
de luz indecisa, cheias de pânico,
pensamos na superfície do mundo.
Até quando a habitaremos?
Por algum descuido, não conheço
a sua solidão – e ela
nunca se infiltrou na minha.
Somos amigos, mas não somos os únicos.
São poucos os dias serenos.
Além disso, não podemos ficar nus.