Gostando de ver o que é pouco visível e gostando de rever o que tem sido visto, mal saído dos 20 anos, ou antes, mal chegado a eles, Felipe Fortuna me chamou a atenção e deu aos leitores o inequívoco sinal de sua vocação literária. Espírito curioso, afeito à pesquisa, tudo querendo apreender e querendo exprimir tudo, por isto mesmo o poeta e prosador, ainda muito jovem, agora com 27 anos, o autor de A Escola da Sedução dá aqui notícia dos poetas de quem fala – e fala sobretudo de si mesmo.
Sua nota pessoal está desde logo bem distinta. Enquanto analisa e avalia a obra alheia, um pouco ao sabor da circunstância editorial e jornalística, mas sempre de acordo com um padrão apurado e culto, sua crítica tem, compulsiva, a dimensão judicante voltada para o gosto da revisão. Amanhã o próprio Felipe Fortuna poderá rever ou ser revisto. O tempo arma e desarma, falíveis, todos os julgamentos, ao sabor de critérios e valores que sucedem com as gerações.
Ensaios como o humorismo em Bilac ou o erotismo em João Cabral são desafios de que Felipe Fortuna sai vitorioso, para satisfação do leitor que com ele vê o que não é escancaradamente visível num e noutro poeta. Outro feito notável é desencavar o sapo no brejo sublime e pouco divulgado do Simbolismo. Na abordagem do universo literário alheio, o que a mim me importa é perceber e registrar a nota pessoal de um jovem poeta e prosador fatalmente seduzido pelas letras e muito bem equipado para seduzir os seus leitores. É com alegria que posso me gabar de estar entre eles desde a primeira hora.