Alguns de meus amigos já estão mortos.
Sempre me lembro disso: do silêncio.
Eles me invadem todos os minutos
– seus cabelos em fogo me incendeiam,
e a ausência incendiada me descobre.
Meus amigos me invadem com segredos
e o rosto acidentado e a mão perdida
respiram o ar sem fim das coisas vivas,
e me enlaçam o braço como sombras
e despertam no corpo as suas vozes.
Todos os mortos têm forças vazias,
mas se desnudam pouco a pouco em mim:
suas roupas tecidas pelas cinzas
estão em minha pele costuradas.