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Meditação

Quando um dia, ao sentir-me demolido,
aceitar que no mundo tudo é morte,
e que nem mesmo o choro de um amigo
vale pagar bebida e amargo porre,
nosso silêncio a dois, feito de reza,
vai dissolver o ferro a que se entrega.

O amor viveu somente um desses dias
(por acaso, entre arbustos desnudados);
se foi pequeno ou grande, se doía,
secreto dissolveu-se nos retratos.
A solidão é estranha se há desejos.,
O corpo é musical no lado esquerdo.,

Tudo é cansaço. Ler, viajar, cansaço.
Escrevo com descrença dois, três poemas.
De madrugada, acordo o sono falso
e invado uma palavra que me queima.
Todos os dias leio nos jornais,
que a noite anterior caiu no mar.,

Não me sinto bem: tenho sempre culpas.
Tenho discursos, bombas e massacres,
amigos já cinzentos pelas lutas,
muitas frases e heróis que o tempo abate.
Os bares são noturnos, mas os homens,
se embriagam de manhã, com novos nomes.

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