Que este naufrágio , o sal deste naufrágio
, reúna a carne, a voz e o desespero.
Que ele não seja mais que o necessário medo
dos peixes que se ocultam em nossas pernas.
Céu e mar conjugados que esmagam
a vida de ladrilhos picotados
, em que , na água tateando
, sondo o meu possível fim das ondas.
Meu peso avança para o fundo
( sou náufrago
pálido ) e me assusto
com o mundo que se juntou ao meu redor.
Triste e enviesado lento desmaio
, caio entre as algas que me adormecem
em braços de veneno.