Agora em casa, sentado
como um poeta
e tentando versos
como quem faz pousar a ave,
é melhor pensar
em eliminar o racismo.
Digo: deixem o racista sobreviver,
não o linchem
não o enforquem.
Tampouco acendam
a coluna de pneus com seu corpo dentro.

Não o chamem
enquanto passa pela rua
o xenófobo! pega o xenófobo!
É melhor deixar
que ele leia o jornal
e emita uma opinião sem medo
sobre os costumes modernos.
O xenófobo nunca ri de si mesmo.
O xenófobo
prefere a poesia feita em família.

Ainda precisa ser visto
revisto e examinado
o intolerante,
o intolerante que mora ao lado.
É meu vizinho:
durmo com as portas fechadas,
eu, morador da fronteira,
ele, dos cabos elétricos.
Ele discrimina as raças,
chuta as latas, rosna em segredo
dorme bem tarde
mas antes
entende como se fabrica
um novo artefato explosivo.
Amanhã morrerá um homem
muito diferente do intolerante.