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Poema escrito por Borges

Já não acredito em Borges.
Ou, se acredito, desminto:
não se pode enfim morar
nas curvas de um labirinto.

Borges: um olho no caos
e um outro ainda mais cego.
Não é mais caso perdido,
mas doença que deu certo.

Posso ter Borges comigo
como quem faz amizade
com o vôo dos precipícios,
com as formas da verdade.

Borges é acaso de Borges.
Mas, como não acredito,
passo a perdê-lo, e perdido,
sem Borges, eu me resigno.

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