Diário de Petrópolis
Domingo, 22 de março de 1998
ESTANTE, de Felipe Fortuna
Fernando Py
Terceiro livro de poesia do autor, mostra um poeta já maduro – não obstante contar com pouco mais de trinta anos, um poeta já possuidor de linguagem própria. Estante divide-se em três partes; na primeira, (Não É), assim mesmo, entre parênteses – Fortuna explora temas variados, sempre captando um “momento” do cotidiano, fazendo em versos curtos e sóbrios um apanhado lírico de aspectos do seu dia-a-dia em lugares diversos – é diplomata, e já serviu em várias cidades do mundo, em poemas cuja tônica formal são tercetos sem métrica rígida nem mesmo obrigatória. Na segunda parte, Poemas da Pele, Fortuna se debruça sobre o sentimento amoroso, extremamente sensual, da relação a dois: homem e mulher. É a pele, ou antes, o corpo feminino que o inspira. Os destaques são os poemas “Quando Ela Dorme” (p.44), “Ars Amatoria” (p.47), “Nos Bancos da Frente” (p.48) e o soneto não ortodoxo “Première” (p.51). Na terceira parte, Seres, o poeta, em quatorze textos sem título – apenas numerados – obtém uma criação estética ímpar, numa linguagem ambígua e de imagética visionária, que ativa o ritmo dos poemas, a um tempo narrativos e descritivos. Ótima poesia.